Coronavírus: como o Japão tem conseguido conter avanço da doença sem quarentena em massa?

Apesar do temor de uma explosão de casos, país registrou 1.307 infectados e 45 mortos pela Covid-19 até agora e não adotou quarentenas em cidades ou isolamento obrigatório de seus cidadãos para evitar a propagação do vírus.

Pessoas tiram fotos com flores de cerejeira nesta quinta-feira (26). Tóquio pediu a seus moradores que ficassem em casa neste fim de semana para diminuir a propagação do coronavírus — Foto: Jae C. Hong/AP




O Japão poderia ser um dos países mais afetados pelo novo coronavírus. Foi um dos primeiros a confirmar pessoas infectadas, poucos dias depois de a China emitir um alerta sobre a doença. Além disso, segundo o Banco Mundial, sua população acima de 65 anos é a maior do mundo (28% do total), superando a Itália, que se mostrou especialmente vulnerável nesta pandemia.

O Japão também tem um elevado consumo de tabaco, o que ajuda pouco na hora de combater doenças respiratórias, e enorme densidade populacional, com quase 127 milhões de habitantes em um território quase do tamanho do Mato Grosso do Sul, Estado onde vivem 2,6 milhões de brasileiros. Mas, até agora, o país registrou 1.307 infectados e 45 mortos pela Covid-19 e não adotou quarentenas em cidades ou isolamento obrigatório de seus cidadãos para evitar a propagação do vírus.

Para além do cancelamento de eventos esportivos, como a Olimpíada de 2020, e de escolas fechadas, os japoneses têm seguido suas vidas de maneira mais ou menos normal. Isso ficou ainda mais evidente em 22 de março, quando milhares de cidadãos foram às ruas e a parques para admirar as cerejeiras em flor.

Como disse a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, abandonar esse festival de primavera para os japoneses seria como "abandonar os abraços para os italianos".

Havia tanta gente nas ruas que a própria governadora pediu que os moradores da capital do Japão não saíssem de suas casas a não ser por razões estritamente essenciais.


Passageiros passam por um anúncio fora da estação Shinjuku, em Tóquio, nesta quinta-feira (26) — Foto: Jae C. Hong/AP

Isolar grupos de contágio

De acordo com o número de infectados e mortos pelo coronavírus, o Japão é um dos países mais desenvolvidos que menos foram afetados.

Mas por quê?

Segundo Kenji Shibuya, diretor do Instituto de Saúde da População do King's College, em Londres, o Japão é muito eficiente em testar pessoas em busca do vírus, identificar grupos de contágio e isolá-los.

"A única maneira de lidar com qualquer pandemia é testar e isolar. E muitos países não ouviram. No Japão, eles estão desesperados para rastrear os infectados. E estão indo bem em termos de identificar e isolar os grupos doentes", disse à BBC News Mundo (serviço da BBC em espanhol)."

Mas ainda assim, segundo o pesquisador, o país não tem realizado a quantidade de testes que deveria. E isso pode levar a um aumento drástico no número de pessoas infectadas.


Fonte: Aqui.

Postar um comentário

0 Comentários